sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O amor é uma companhia



Eu trabalho a milhas e milhas e milhas de minha casa. Toda semana eu pego a estrada. São curvas e curvas e curvas e curvas... Hoje, ao retornar, meu amado me esperava na rodoviária com um sorriso tão bom, que eu até esqueci do cansaço, do sono atrasado, da enxaqueca e, enquanto o abraçava, repeti em silêncio os lindos versos de Caeiro:

“O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.”

Alberto Caeiro

5 comentários:

  1. Sinto sempre que abraço a poesia quando a tenho nos braços. Ora haicai, ora épico, intenso no trivial dos dias, você tem sido o poema que leio repetidas vezes, com o maior dos prazeres. Bjsamovc, (carlos barbosa)

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  2. Tudo lindo, Caeiro, Barbosa e Menezes.
    um beijo,

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  3. Tão lindo, forte e generoso...como sempre deve ser o amor...como eu desejo que ele o seja para vocês. Abraço, Mônica!

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