terça-feira, 13 de dezembro de 2011
13 de dezembro
Sou devota de Santa Luzia. Um dia, talvez, eu explique por que, se um poema chegar, ou se a vontade de palavra for maior que o silêncio. Por enquanto, só a vida mesmo, com seus dramas e alegrias, e essa vontade de pôr-do-sol nos vales da infância.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Sempre Drummond em minha vida
[...]
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
Ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
Carlos Drummmond de Andrade. A flor e a náusea.
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
Ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
Carlos Drummmond de Andrade. A flor e a náusea.
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Eis a minha alma
Eis a minha alma - nos últimos dias -,
Diante da fria intempérie do teu dorso.
Eis a minha alma - em curso, sozinha.
Eis o que te dou, o que te dei, tão minha:
A alma - terna, líquida, eterna, inquieta,
E a poesia: ávida pétala pendida, tão nua.
Diante da fria intempérie do teu dorso.
Eis a minha alma - em curso, sozinha.
Eis o que te dou, o que te dei, tão minha:
A alma - terna, líquida, eterna, inquieta,
E a poesia: ávida pétala pendida, tão nua.
VILMA, Ângela. Poemas para Antonio. Salvador: P55 Edições, 2010.
Hoje é o aniversário de Ângela Vilma. Infelizmente não pude abraçá-la porque agora moramos em cidades diferentes, mas, logo cedo, peguei os seus Poemas para Antonio e li alguns dos seus versos como se fizesse uma oração, e pedi a Nossa Senhora da Poesia que abençoe a minha querida amiga alada, de alma terna, líquida, eterna, inquieta.
sábado, 22 de outubro de 2011
domingo, 16 de outubro de 2011
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Vamos?
O que: Lançamento.
Do que: Livro de minicontos organizado por Gal Meireles.
Minicontistas: Carlos Barbosa, Elieser César, Igor Rossoni, Lidiane Nunes, Mayrant Gallo, Rafael Rodrigues, Thiago Lins.
Onde: Pouso da Palavra, na Programação (alternativa) Damário da Cruz, da FLICA 2011.
Quando: Sexta-feira, dia 14 de outubro, a partir das 19h.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Das lições
uma cena que jamais vou esquecer:
minha mãe grávida
de vestido azul
saltando plena
no poço fundo do rio
eu-menina no barranco
apreendendo intensidades
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Mantra
eu acredito no amor
na bondade
e no poder curativo das palavras
Quando Herbert Viana estava hospitalizado por conta de um acidente aéreo, seu amigo Leoni compôs a Canção para quando você voltar. Nesta ele entoa o mantra Om Mani Padme Hung que, segundo os budistas, estimula a compaixão e a cura, protege dos sofrimentos terrenos, purifica o karma ruim, os maus hábitos e as impurezas dos seres.
sábado, 24 de setembro de 2011
domingo, 18 de setembro de 2011
A poesia de Lívia Natália
Metonímia
Meu pai colocou meu nome num barquinho que comprou.
É miúdo.
Uma insignificância no meio do oceano de vaga vaga.
É reles.
De uma cruel e desleixada vileza.
De uma pequenez quase lírica.
É reles.
Mal cabem nele dois homens e o isopor para a pescaria.
Mal cabem dois homens.
Talvez somente ele – solitário – e o isopor.
Mas, como no milagre,
o barco que leva o meu nome caminha sobre as águas.
O belíssimo poema acima é uma amostra do livro Água Negra, da poetisa baiana Lívia Natália, ganhadora do Prêmio Banco Capital Cultura e Arte – Poesia deste ano. Bom demais iniciar este domingo ensolarado me banhado nas líricas águas de Lívia, nas quais – como tão bem escreveu Ângela Vilma, na orelha do livro – “o mundo ressoa, com seus símbolos vivos e mortos”. Parabéns a Lívia, essa linda filha de Oxum, por seus versos vigorosos e líquidos, que nos molham, nos cortam e nos fazem levantar a cabeça para o vasto mundo renovados, e em silêncio.
domingo, 11 de setembro de 2011
Formação
fui instruída em silêncios
pelos vales da minha terra
pelos vales da minha terra
domingo, 4 de setembro de 2011
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
domingo, 28 de agosto de 2011
sábado, 20 de agosto de 2011
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Bilhete
Para Lidi
oh, querida amiga,
se você morasse nesta cidade
eu te convidaria para uma chá de maçã com canela na minha casa
e conversaríamos horas a fio sobre nossos abismos
enquanto uma chuva fina caísse lá fora
escuta
viver é sempre desmesurado difícil
mas há tanta beleza ao longo dos caminhos
agora mesmo
a senhora vizinha começou a cantarolar uma valsa triste
lembrando-se, talvez, de um grande amor
domingo, 14 de agosto de 2011
A mulher
Pensava que deveria voltar atrás para resgatar aquilo que perdeu ao longo do caminho. Porém hoje, no meio de um gesto, descobriu que é tempo de semear novas flores. E, de repente, como há muito não acontecia, se viu novamente um tanto bela diante do espelho.
sábado, 13 de agosto de 2011
Melancholia
Na quarta-feira passada vi Melancholia, de Lars von Trier, e até agora estou impactada com a beleza e profundidade das imagens, dos diálogos, e com o silêncio que o mesmo provocou em mim. É um filme que, na minha leitura, diz sobretudo de um “precário”, de um “frágil” que dá conta de enfrentar o que há de mais terrível na existência humana.
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
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