terça-feira, 13 de dezembro de 2011

13 de dezembro

Sou devota de Santa Luzia. Um dia, talvez, eu explique por que, se um poema chegar, ou se a vontade de palavra for maior que o silêncio. Por enquanto, só a vida mesmo, com seus dramas e alegrias, e essa vontade de pôr-do-sol nos vales da infância.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Sempre Drummond em minha vida

[...]


Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
Ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.



Carlos Drummmond de Andrade. A flor e a náusea.