quinta-feira, 9 de julho de 2015

Pequena canção do adeus

trançar as tiras
atar os laços
vestir o véu
guardar o sonho
suster o abraço
ganhar o céu
voar bem alto
erguer no espaço
um carrossel


Velho poema com título novo, porque ele (o poema) pediu, cochichou no meu ouvido quando o dia raiava.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Anotação antiga

há sempre uma lâmina fina atravessando o peito
há sempre os meus passos vesgos
e uma longa estrada

sábado, 11 de abril de 2015

...
Ontem. Aniversário. Cama. Gripe. Presentes. Chuva. Alagamento. Rua. Garagem. Água. Suja. Fosso. Elevador. Tanques. Andares. Sete. Torneiras. Vazias. Mensagens. Amor. Tosse. Tosse. Tosse. Lâmina. Azul. Vida. Amém.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Virgínia Woolf estava certa:
a mulher precisa de um teto todo seu para escrever.
Não apenas ficção, como ela anotou,
mas também poesia
e até os relatórios de pesquisa.

E não precisa ser grande
ou elegante
nem mesmo precisa ser separado
ou distante
da casa onde porventura viva com o amado.

Precisa apenas ser seu.

Um lugar onde lapidar seu silêncio
sua fúria
seu caos de todo dia
seu cansaço
e aquela ânsia delicada de morrer.