sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Sempre Drummond em minha vida

[...]


Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
Ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.



Carlos Drummmond de Andrade. A flor e a náusea.

5 comentários:

  1. "A flor e a náusea" sempre está presente em minhas aulas sobre Drummond. Saudades de você, M. Bjs

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  2. "Há sempre Drummond no meio do caminho": ele nunca lhe abandonará. Bjos, amiga.

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  3. Que maravilha, M. Não tinha dúvida de que você passaria. PARABÉNS. Você merece. Bjs

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  4. Mônica!!

    Não existe melhor forma de agradecer para mim do que escrevendo...sinceramente adorei teu livro. jamais um adorar vazio mas um bem sentido, porque para mim as palavras só são úteis quando posso senti-las sozinha, é no toc-toc singelo que os seus "estranhamentos" me fizeram rir, recitar e pensar: nunca estou sozinha. obrigada mesmo,de muitão. Parabéns, também por sua vitória no feroz campo acadêmico!!tudo de bom sempre!! muito obrigada!:D

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  5. Nossa, me encontrei e me emocionei!
    beijoss

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