Amor
Me amam o caminho, a casa
e na casa uma jarra vermelha
amada pela água,
me amam o vizinho
o campo, a debulha, o fogo,
me amam braços que trabalham
contentes do mundo descontentes
e os arranhões acumulados no peito
exaurido do meu irmão atrás
das espigas, da estação, como rubis
mais rubros que o sangue.
Nasci e nasceu comigo o deus do amor
_ que fará o amor quando eu me for?
ADONIS. Poemas. Org.
e trad. Michel Sleiman. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 41.
Uma das coisas que me deixa mais feliz nesta vida é ir à
livraria e encontrar um belo livro de poemas. Gosto de contos, de romances, de
biografias, de livros de ensaios e de filosofia... No entanto, a poesia é a
minha casa sobre a mangueira perdida, o silencio que me abriga nos vales da
minha terra distante, a lâmina fria lacerando a pele.
O poema acima retirei de um livro que encontraram para mim,
do poeta sírio Adonis (Ali Ahmad Said Esber). Desde ontem, saboreio lentamente
o presente do amado, para melhor aproveitar a força dos versos deste autor que adotou para si o nome do deus grego de
origem fenícia, símbolo do mistério da natureza.
E sigo assim, na leitura deste livro e na vida: torta, encarnada, perplexa.
E sensível poeta, com olhar próprio e especial sobre as cores e dores do mundo. Sempre um prazer, ver em seu rosto a presença de um poema que brinca de verde e sonho. Amovcbjs (carlos barbosa)
ResponderExcluirObrigada, amado, por sempre me presentear com coisas belas. Bjsamovc
ResponderExcluirAdorei o poema! Lindo mesmo! E seu texto é de um primor, de uma humanidade, amiga. Parabéns!
ResponderExcluirAdoro vc perplexa! :*
ResponderExcluirAcabei de ler o livro, simplesmente me banhei no mar, esse mar de lágrimas ao relembrar desde a guerra do Líbano, quanto a forte presença da solidão do amor. Obrigado
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