Embora tenha passado
mais de um mês na UTI após um AVC, meu pai retornou pra casa e começou a se recuperar:
voltou a andar e a falar quase que normalmente. Morreu num domingo, no meio de
uma frase, enquanto contava uma de suas histórias pros amigos. Dizem que deu um
suspiro mais longo e apagou. Simplesmente.
Eu não estava lá.
Naquele final de semana não pude viajar e nem deu tempo dele ler a minha última
carta (enviava-lhe uma semanalmente).
Ontem, após cinco anos,
minha filha me contou que, no nosso último encontro, enquanto eu me dirigia ao
carro às lágrimas, ele a abraçou e disse-lhe que aquela seria a última vez que
nos veria, pra ela cuida de mim.
Foi assim, e eu não
tenho nenhum poema, somente esse silêncio tão fundo e a certeza de que a vida é
muito bela.
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