“A neurologista do hospital de
Pádua, depois de examinar Tito, encaminhou-o a uma neurofisiatra do hospital de
Veneza.
Nas semanas seguintes, a
neurofisiatra submeteu-o a uma série de testes.
Quando os testes terminaram, ouvi
pela primeira vez – com medo e terror – o termo que, daquele instante em
diante, passaria a dominar minha vida.
Tito tinha uma paralisia
cerebral.
O medo durou uma semana.
Depois passou.
O motivo pelo qual o medo passou
em apenas uma semana foi uma queda.
Tito estava em meu colo. Eu lia o
jornal no sofá da sala. Minha mulher, andando apressadamente de um lado para o
outro, prendeu o pé na ponta do tapete e levou um tombo, na nossa frente. Vendo
o tombo, Tito gargalhou. Simulamos outros tombos. Ele gargalhou, gargalhou e
gargalhou. Nós gargalhamos com ele.
A paralisia de Tito tornou-se
imediatamente mais familiar. O slapstick
era a linguagem que todos compreendíamos.
Tito cai. Minha mulher cai. Eu
caio.
O que nos une – o que sempre nos
unirá – é a queda.”
MAINARD, Diogo. A queda: as memórias de um pai em 424 passos. 3.ed. Rio de Janeiro: Record, 2012. p. 60
Eu não gosto do intelectual Diogo
Mainardi, pelos mesmos motivos que levam muitas pessoas a não gostarem. No
entanto, gostei muito de ler seu livro A queda. Fiquei tocada com o modo
sincero, intenso e humano como ele narra a sua experiência de pai de um garoto
com paralisia cerebral.
Eu não gosto do intelectual Diogo
Mainardi. Mas eu gosto do pai de Tito.
Disse tudo!
ResponderExcluirEu também gosto do pai do Tito :)
beijoss
Livro tocante, de uma sinceridade incrível. Bem escrito, humano, faz-nos esquecer a raiva do intelectual Diogo Mainardi.
ResponderExcluirO pai do Tito é incrível, já o Diogo Mainardi...
ResponderExcluirBeijos,