terça-feira, 8 de outubro de 2013

O retrato




Nós morávamos no interior do interior de Sergipe, em um lugarejo tão remoto do agreste sergipano que, em meados dos anos de 1980, ainda não era alcançado sequer pela luz elétrica. Por isso quase não temos fotografias da infância. Mas houve um dia em que nossa mãe nos arrumou (eu e meu irmão mais velho) e nos levou para cidade (para rua, como ela ainda hoje fala) para tirarmos retratos. Eu tinha menos de um ano e esse olhar já muito alumbrado diante do mundo.

O retrato, eu trouxe lá da casa da minha mãe para restaurar. Ainda não fiz e o posto assim, marcado pela umidade, pela poeira, pelo tempo que passou e jamais voltará, e que também deixou marcas profundas e definitivas no meu corpo e na minha alma.